sábado, 30 de abril de 2011

DIA DAS MÃES COM A CRIATIVIDADE DAS CRIANÇAS

Sugestão simples e criativa para o dia das mães. Realizamos na escola que trabalhei em 2008. A idéia é da minha amiga Marcia Suenson. Bjo Marcia!!!!!!

Daremos um livro com o título: MINHA MÃE

As crianças farão uma página por dia. Na educação infantil as crianças desenham o titulo e vocês escreverão o que expressaram. Faremos uma por dia!

O número da tarefa deverá ser a de acordo com a idade:

Berçário 1: iremos entregar a homenagem em folhas com garatujas dos bebes. Quantas folhas conseguirem fazer com eles. Iremos juntar, colocar nossa homenagem e montar um livro dos primeiros traços deles para a mamãe.

Berçário 2: seguirá a regra geral;

Nível 3, fará 3 tarefas;

Nível 4, fará 4 tarefas;

Nível 5, fará 5 tarefas;

1° ano faz 6;

2° ano faz 7;

3ª série faz 8;

4ª série faz 9 ou 10 tarefas.

As professoras deverão digitar as frases para serem coladas no livro:

FRASES:

1° dia: MINHA MÃE FAZ PARA CUIDAR DE MIM.

2º dia:

         • Ed. Infantil: MINHA MÃE GOSTA DE: (pode ser coisas de comer, vestir, passear, refletir antes e misturar bem as opções)

          • Ens. fundam.: POEMA PARA MINHA MÃE (ilustrar com desenho)

3 ° dia : dividam a folha em duas partes (na horizontal)

            • Na 1° parte: MINHA MÃE ME ENSINA QUE:

            • Na 2° parte: PALAVRAS QUE EU DIGO E MINHA MÃE GOSTA DE OUVIR.

4° dia: de novo, dividam a folha em duas partes (na horizontal)

             • Na lª parte (desenho): MINHA MÃE É ASSIM! (refletir antes com eles cabelos, olhos... características físicas.

             • Na 2ª parte: PRESENTES QUE EU GOSTARIA DE DAR (esta parte poderia ser realizada com desenhos e recortes. se escolherem uma página por exemplo. .dobraremos, mas colaremos o que a criança escolher. refletir para não sair só abobrinhas.

Observações gerais:

O número de atividades a realizar é a idade-turma.

As respectivas atividades serão realizadas em folha sulfite, na horizontal. Juntaremos as folhas e montaremos um livro. A capa será em cartolina, decorar com colagem, impressão de mãos (escolham com os alunos(as) uma opção). No canto inferior-direito irá o nome da criança digitado, vocês recortarão e colarão. Na contra capa do livro irá uma homenagem enviada pela escola, deixem livre! Na sexta-feira as mães chegarão 18:30h, cantaremos um musica(que será ensaiada durante a semana, a letra segue abaixo) bem simples e entregaremos o livro.


Música:


É POR VOCÊ QUE CANTO

Quanto mais o tempo passa

Mais eu gosto de você

Este seu jeito de me abraçar

Este seu jeito de olhar prá mim

Foi que fez com que

Eu gostasse logo de você

Tanto assim

E por você que canto...

Quanto mais você me abraça

Mais eu quero ter você

Cada beijo que você me dá

Faz meu corpo todo estremecer

Sem você eu sei que

Não teria nenhuma razão

Prá viver

E por você que canto...

Pode tudo transformar

Pode tudo se perder

Pode o mundo virar contra mim

Aconteça seja lá o que for

Cada dia que passar

Eu quero ainda muito mais

Seu amor

E por você que canto...

E por você que canto,..

Piaget, Vygotsky e Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão

Yves De La Taille


PARTE I - FATORES BIOLÓGICOS E SOCIAIS
O lugar da interação na concepção de Jean Piaget

Yves de La Taille
La Taille considera que nada há de mais injusto que a crítica feita a Piaget de desprezar o papel dos fatores sociais no desenvolvimento huma­no. O máximo que se pode dizer é que Piaget não se deteve sobre a questão, mas, o pouco que levantou é de suma importância.

Para o autor, o postulado de Wallon de que o homem é "genetica­mente social" (impossível de ser pen­sado fora do contexto da sociedade) também vale para a teoria de Piaget, pois são suas palavras: "desde o nas­cimento, o desenvolvimento intelec­tual é, simultaneamente, obra da so­ciedade e do indivíduo" (p. 12).

Para Piaget, o homem não é soci­al da mesma maneira aos seis meses ou aos vinte anos. A socialização da inteligência só começa a partir da aquisição da linguagem. Assim, no es­tágio sensório-motor a inteligência é essencialmente individual, não há socialização. No estágio pré-operatório, as trocas intelectuais equilibradas ainda são limitadas pelo pensamento egocêntrico (centrado no eu): as cri­anças não conseguem seguir uma referência única (falam uma coisa agora e o contrário daí a pouco), colocar-se no ponto de vista do outro não são autônomas no agir e no pen­sar. No estágio operatório-concreto começam a se efetuar as trocas inte­lectuais e a criança alcança o que Piaget chama de personalidade: indivíduo se submetendo voluntaria­mente às normas de reciprocidade e universalidade. A personalidade é o ponto mais refinado da socialização o eu renuncia a si mesmo para inse­rir seu ponto de vista entre os outros em oposição ao egocentrismo, e que a criança elege o próprio pensa­mento como absoluto. O ser social de mais alto nível é aquele que consegue relacionar-se com seus seme­lhantes realizando trocas em coope­ração, o que só é possível quando atingido o estágio das operações formais (adolescência).

O processo de socialização

A socialização vai do grau zero (recém-nascido) ao grau máximo (personalidade). O indivíduo mais evoluído pode usufruir tanto de sua autonomia quanto das contribuições dos outros.

Para Piaget, "autonomia significa ser capaz de se situar consciente e competentemente na rede dos diversos pon­tos de vista e conflitos presentes numa sociedade" (p. 17). Há uma "marcha para o equilíbrio", com bases biológicas, que começa no período sensório-motor, com a construção de esquemas de ação, e chega às ações interiorizadas, isto é, efetuadas mentalmente.

Embora tudo pareça resumir-se à relação sujeito-objeto, para La Taille, as operações mentais permitem o conhecimento objetivo da natureza e da cultura e são, portanto, necessidades decorrentes da vida social. Para ele, Piaget não compartilha do "otimismo" de que todas as relações sociais favorecem o desenvolvimento. Para La Taille, a peculiaridade da teoria piagetiana é pensar a interação da perspectiva da ética (igualdade, respeito mútuo, liberdade, direitos huma­nos). Ser coercitivo ou cooperativo de­pende de uma atitude moral, sendo que a democracia é condição para o de­senvolvimento da personalidade. Diz ele: "A teoria de Piaget é uma grande defesa do ideal democrático" (p. 21).

Vygotsky e o processo de formação de conceitos
Morto Kohl de Oliveira
Substratos biológicos e construção cultural no desenvolvimento humano

A perspectiva de Vygotsky é sem­pre a da dimensão social do desenvol­vimento. Para ele, o ser humano constitui-se como tal na sua relação com o outro social; a cultura torna-se parte da natureza humana num processo histórico que molda o funcionamento psicológico do homem ao longo do de­senvolvimento da espécie (fïlogenética) e do indivíduo (ontogenética). O ser humano tem, assim, uma dupla natu­reza: membro de uma espécie biológi­ca que só se desenvolve no interior de um grupo cultural.

Vygotsky rejeitou a ideia de funções fundamentais fixas e imutáveis, "tra­balhando com a noção do cérebro como um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo da história da espécie e do de­senvolvimento individual" (p. 24). Para ele, o cérebro é formado por sistemas funcionais complexos, isto é, as fun­ções não se localizam em pontos específicos, mas se organizam a partir da ação de diversos elementos que atuam de forma articulada. O cérebro tem uma estrutura básica, resultante da evolução da espécie, que cada membro traz consigo ao nascer. Essa estrutura pode ser articulada de dife­rentes formas pelo sujeito, isto é, um mesmo problema pode ser soluciona­do de diferentes formas e mobilizar diferentes partes do cérebro.

Há uma forte ligação entre os pro­cessos psicológicos e a inserção do in­divíduo num contexto sócio-histórico específico. Instrumentos e símbolos construídos socialmente é que definem quais possibilidades de funcionamento cerebral serão concretizadas. Vygotsky apresenta a ideia de mediação: a rela­ção do homem com os objetos é medi­ada pêlos sistemas simbólicos (repre­sentações dos objetos e situações do mundo real no universo psicológico do indivíduo), que lhe possibilita planejar o futuro, imaginar coisas, etc.

Em resumo: operar com sistemas simbólicos permite o desenvolvimen­to da abstração e da generalização e define o salto para os processos psi­cológicos superiores, tipicamente hu­manos. Estes têm origem social, isto é, é a cultura que fornece ao indiví­duo o universo de significados (repre­sentações) da realidade. As funções mentais superiores baseiam-se na operação com sistemas simbólicos e são construídas de fora para dentro num processo de internalização.

O processo de formação de conceitos

A linguagem é o sistema simbóli­co fundamental na mediação entre sujeito e objeto do conhecimento e tem duas funções básicas: interação social (comunicação entre indivídu­os) e pensamento generalizante (sig­nificado compartilhado pelos usuári­os). Nomear um objeto significa colocá-lo numa categoria de objetos com atributos comuns. Palavras são signos mediadores na relação do ho­mem com o mundo.

O desenvolvimento do pensamen­to conceitual segue um percurso ge­nético que parte da formação de con­juntos sincréticos (baseados em nexos vagos e subjetivos), passa pelo pensa­mento por complexos (baseado em ligações concretas e factuais) e chega à formação de conceitos (baseados em ligações abstratas e lógicas).

Esse percurso não é linear e refe­re-se à formação de conceitos cotidianos ou espontâneos, isto é, de­senvolvidos no decorrer da atividade prática da criança em suas interações sociais imediatas e são, portanto, im­pregnados de experiências. Já os con­ceitos científicos são os transmitidos em situações formais de ensino-aprendizagem e geralmente começam por sua definição verbal e vão sendo ex­pandidos no decorrer das leituras e dos trabalhos escolares. Assim, o desen­volvimento dos conceitos espontâne­os é ascendente (da experiência para a abstração) e o de conceitos científi­cos é descendente (da definição para um nível mais elementar e concreto). A partir do exposto, duas conclusões são fundamentais:

1a - diferentes culturas produzem modos diversos de funcionamento psicológico;
2a - a instrução escolar é de enorme importância nas sociedades letradas.

Do ato motor ao ato mental: a gênese da inteligência segundo Wallon

Heloysa Dantas

Wallon tem uma preocupação per­manente com a infra-estrutura orgâni­ca de todas as funções psíquicas. Seus estudos partem de pessoas com pro­blemas mentais, portanto, seu ponto de partida é o patológico, isto é, utiliza a doença para entender a normalidade.

Para Wallon, o ser humano é or­ganicamente social, isto é, sua estru­tura orgânica supõe a intervenção da cultura. A metodologia do seu traba­lho ancora-se no materialismo dialético, concebendo a vida dos organismos como uma pulsação permanen­te, uma alternância de opostos, um ir e vir permanente, com avanços e recuos.

A motricidade: do ato motor ao ato mental.

A questão da motricidade é o gran­de eixo do trabalho de Wallon. Para ele, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor. Ao longo do desenvol­vimento mental, a motricidade ciné­tica (de movimento) tende a se redu­zir, dando lugar ao ato mental. Assim, mesmo imobilizada no esforço men­tal, a musculatura permanece em atividade tônica (músculo parado, ati­tude). A tipologia de movimento que Wallon adota parte de atos reflexos, passa pelos movimentos involuntários e chega aos voluntários ou praxias, só possíveis graças à influência ambiental aliada ao amadurecimento cerebral.

Ao nascer, é pela expressividade mímica que o ser humano atua sobre o outro. A motricidade disponível consiste em reflexos e movimen­tos impulsivos, incoordenados. A ex­ploração da realidade exterior só é possível quando surgem as capacida­des de fixar o olhar e pegar. A competência no uso das mãos só se com­pleta ao final do primeiro ano de vida, quando elas chegam a uma ação complementar (mão dominante e auxiliar). A etapa dominantemente práxica da motricidade ocorre para­lelamente ao surgimento dos movi­mentos simbólicos ou ideativos. O movimento, a princípio, desencadeia o pensamento. Por exemplo, uma cri­ança de dois anos, que fala e gesti­cula, tem seu fluxo mental atrofiado se imobilizada. O controle do gesto pela ideia inverte-se ao longo do de­senvolvimento. Há uma transição do ato motor para o mental.

As fases da inteligência - as etapas de construção do eu

No processo de desenvolvimento da inteligência há preponderância (a cada período mais marcado pelo afetivo segue-se outro mais marcado pelo cognitivo) e alternância de funções (a criança ora está mais voltada para a realidade das coisas/conhecimento do mundo - fases centrípetas, ora mais vol­tada para a edificação da pessoa/co­nhecimento de si - fases centrífugas).

1a fase: impulsivo-emocional (de zero a um ano). Voltada para o desen­volvimento motor e para a construção do eu. No recém-nascido, os movi­mentos impulsivos que exprimem des­conforto ou bem estar são interpreta­dos pelos adultos e se transformam em movimentos comunicativos atra­vés da mediação social; até o final do primeiro ano a relação com o ambi­ente é de natureza afetiva e a criança estabelece com a mãe um "diálogo tônico" (toques, voz, contatos visuais).

2a fase: sensório-motor e projetivo (de um a três anos). Aprenden­do a andar a criança ganha mais autonomia e volta-se para o conhe­cimento do mundo. Surge uma nova fase de orientação diversa, voltada para a exploração da realidade exter­na. Com a linguagem, inicia-se o do­mínio do simbólico.

3a fase: personalismo (três a seis anos). Novamente voltada para den­tro de si, a preocupação é agora construir-se como ser distinto dos demais (individualidade diferenciada). Com o aperfeiçoamento da linguagem, de­senvolve-se o pensamento discursivo. Sucedem-se uma etapa de rejeição (atitudes de oposição), outra de sedução do outro e conciliação (idade da graça) e outra de imitação (toma o outro como modelo).

4a fase: categorial (seis a onze anos). Voltada para o cognitivo, é a fase escolar. Ao seu final, há a superação do sincretismo do pensamen­to em direção à maior objetividade e abstração. A criança torna-se capaz de diferenciações intelectuais (pensa­mento por categorias) e volta-se para o conhecimento do mundo.

5a fase: puberdade e adolescên­cia (a partir dos onze anos). Nesta fase, caracterizada pela auto-afirmação e pela ambivalência de atitudes e sentimentos, a criança volta-se no­vamente para a construção da pes­soa. Há uma reconstrução do esquema corporal e o jovem tem a tarefa de manter um eu diferenciado (dos outros) e, ao mesmo tempo, integra­do (ao mundo), o que não é fácil.

PARTE II - AFETIVIDADE E COGNIÇÃO
Desenvolvimento do juízo moral e afetividade na teoria de Jean Piaget

Yves de La Taille
A obra "O julgamento moral da criança"(1932) traz implícita a relação que existe entre afetividade e cognição para Piaget, bem como a importân­cia que ele atribui à autonomia moral.

a) As regras do jogo
Segundo Piaget, toda moral con­siste num sistema de regras, sendo que a essência da moralidade deve ser procurada no respeito que o indi­víduo tem por elas. Piaget utilizou o jogo coletivo de regras como campo de pesquisa por considerá-lo paradi­gmático para a moralidade humana porque: é atividade inter-individual regulada por normas que podem ser modificadas e que provêem de acor­dos mútuos entre os jogadores, sen­do que o respeito às normas tem um caráter moral (justiça, honestidade..).

Piaget dividiu em três etapas a evolução da prática e da consciência de regras:

1a - anomia (até 5/6 anos): as cri­anças não seguem atividades com regras coletivas;
2a - heteronomia (até 9/10 anos): as crianças vêm as regras como algo de origem imutável e não como contrato firmado entre os jogadores; ao mesmo tempo, quando em jogo, in­troduzem mudanças nas regras sem prévia consulta aos demais; as regras não são elaboradas pela consciência e não são entendidas a partir de sua função social;
3a - autonomia: é a concepção adul­ta de jogo; o respeito às regras é visto como acordo mútuo em que cada jo­gador vê-se como possível "legislador".

b) O dever moral
O ingresso da criança no univer­so moral se dá pela aprendizagem dos deveres a ela impostos pelos pais e demais adultos, o que acontece na fase de heteronomia e se traduz pelo "realismo moral" que tem as seguin­tes características:
• a criança considera que todo ato de obediência às regras impostas é bom;
• as regras são interpretadas ao pé da letra e não segundo seu espírito;
• há uma concepção objetiva de res­ponsabilidade: o julgamento é feito pela consequência do ato e pela
intencionalidade.

c) A justiça
A noção de justiça engloba todas as outras noções morais e envolve ideias matemáticas (proporção, peso, igualdade). Quanto menor a criança mais forte a noção de justiça imanente (todo crime será castigado, mesmo que seja por força da natureza), mais ela opta por sanções expiatórias (o castigo tem uma qualidade estranha ao delito) e mais severa ela é (acha que quanto mais duro o castigo, mais justo ele é). A partir dos 8/9 anos a desobediência já é vista como ato le­gítimo quando há flagrante injustiça.
As duas morais da criança e os tipos de relações sociais
Mesmo concordando que a mo­ral é um ato social, para Piaget o su­jeito participa ativamente de seu desenvolvimento intelectual e moral e detém uma autonomia possível pe­rante os ditames da sociedade.
As relações interindividuais são divididas em duas categorias:

• coação: derivada da heteronomia, é uma relação assimétrica, em que um dos pólos impõe suas verda­des, sendo contraditória com o de­senvolvimento intelectual; cooperação: é uma relação simé­trica constituída por iguais, regida pela reciprocidade; envolve acordos e exige que o sujeito se descentre para compreender o ponto de vis­ta alheio; com ela o desenvolvimen­to moral e intelectual ocorre, pois ele pressupõe autonomia e supe­ração do realismo moral.

Em resumo: para Piaget, a coerção é inevitável no início da educação, mas não pode permanecer exclusiva para não encurralar a criança na heteronomia. Assim, para favorecer a conquista da autonomia, a escola pre­cisa respeitar e aproveitar as relações de cooperação que espontaneamente, nascem das relações entre as crianças.

Afetividade e inteligência na teoria piagetiana do desenvolvimento do juízo moral

Para La Taille, o notável na teoria piagetiana é que nela "não assistimos a uma luta entre afetividade e moral"(p.70). Afeto e moral se conju­gam em harmonia: o sujeito autôno­mo não é reprimido mas um homem livre, convencido de que o respeito mú­tuo é bom e legítimo. A afetividade adere espontaneamente aos ditames da razão. Ele considera que na obra "O juízo moral na criança" intui-se um Piaget movido por alguma "emoção", que sustenta um grande otimismo em relação ao ser humano. No entanto, para ele, o estudo sobre o juízo moral poderia ter sido completado por ou­tros que se detivessem mais nos as­pectos afetivos do problema.

O problema da afetividade em Vygotsky

Morta Kohl de Oliveira
Vygotsky pode ser considerado um cognitivista (investigou processos in­ternos relacionados ao conhecimen­to e sua dimensão simbólica), embora nunca tenha usado o termo cognição, mas função mental e consciência. Para ele há uma distinção básica en­tre funções mentais elementares (atenção involuntária) e superiores (atenção voluntária, memória lógica). É difícil compreender cada função mental isoladamente, pois sua essên­cia é ser inter-relacionada com outras funções. Sua abordagem é globalizante. Ele utiliza o termo consciên­cia para explicar a relação dinâmica (interfuncionalidade) entre afeto e in­telecto e, portanto, questiona a divi­são entre as dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento psicológi­co. Para ele, não dá para dissociar interesses e inclinações pessoais (aspec­tos afetivo-volitivos) do ser que pen­sa (aspectos intelectuais).

Consciência

Vygotsky concebe a consciência como "organização objetivamente observável do comportamento, que é imposta aos seres humanos atra­vés da participação em práticas sócio-culturais"(p.78). É evidente a fun­damentação em postulados marxis­tas: a dimensão individual é considerada secundária e derivada da dimen­são social, que é a essencial. Carre­ga ainda um fundamento sócio-histórico, isto é, a consciência humana, resultado de uma atividade comple­xa, formou-se ao longo da história social do homem durante a qual a ati­vidade manipuladora e a linguagem se desenvolveram.

As impressões que chegam ao homem, vindas do mundo exterior são analisadas de acordo com categori­as que ele adquiriu na interação so­cial. A consciência seria a própria es­sência da psique humana, o compo­nente mais elevado das funções psi­cológicas humanas e envolve a inter-relação dinâmica e em transformação entre: intelecto e afeto, atividade e representação simbólica, subjetividade e interação social.

Subjetividade e intersubjetividade

As funções psicológicas superio­res, tipicamente humanas, referem-se a processos voluntários, ações conscientemente controladas, meca­nismos intencionais. Apresentam alto grau de autonomia em relação a fatores biológicos, sendo, portanto, o resultado da inserção do homem em determinado contexto sócio-histórico.

O processo de internalização de formas culturais de comportamento, que corresponde à própria formação da consciência, é um processo de constituição da subjetividade a partir de situações de intersubjetividade. Assim, a passagem do nível interpsicológico para o intrapsicológico envolve relações interpessoais e a construção de sujeitos únicos, com trajetórias pessoais singulares e ex­periências particulares em sua relação com o mundo e, fundamental­mente, com as outras pessoas.

Sentido e significado

Para Vygotsky, os processos men­tais superiores são mediados por sis­temas simbólicos, sendo a linguagem o sistema simbólico básico de todos os grupos humanos. O significado é componente essencial da palavra, o filtro através do qual o indivíduo com­preende o mundo e age sobre ele. Nele se dá a unidade de duas funções bá­sicas da linguagem: a interação soci­al e o pensamento generalizante. Na concepção sobre o significado há uma conexão entre os aspectos cognitivos e afetivos: significado é núcleo estável de compreensão e sentido é o signifi­cado da palavra para cada indivíduo, no seu contexto de uso e relacio­nado às suas vivências afetivas.

A linguagem é, assim, polissêmica: requer interpretação com base em fatores linguísticos e extralingüísticos. Para entender o que o outro diz, não basta 'entender suas palavras, mas também seu pensamento e suas motivações.

O discurso interior

O discurso interior corresponde à internalização da linguagem. Ao lon­go de seu desenvolvimento, a pessoa passa de uma fala socializada (comu­nicação e contato social) a uma fala internalizada (instrumento de pensamento, sem vocalização), correspon­dente a um diálogo consigo mesma.

A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon
Heloysa Dantas
A teoria da emoção

Para Wallon a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quan­to do conhecimento. A emoção é ins­trumento de sobrevivência típico da espécie humana. O bebê humano, frá­gil como é, pereceria não fosse sua capacidade de mobilizar poderosa­mente o ambiente para atender suas necessidades. A função biológica do choro, por exemplo, é atuar fortemente sobre a mãe, fornecendo o primeiro e mais forte vínculo entre os humanos. Assim, a emoção tem raízes na vida orgânica e também a influencia, um estado emocional intenso, por exem­plo, provoca perda de lucidez.

Segundo Wallon, a atividade emo­cional é simultaneamente social e bio­lógica. Através da mediação cultural (social), realiza a transição do estado orgânico para a etapa cognitiva e raci­onal. A consciência afetiva cria no ser humano um vínculo com o ambiente social e garante o acesso ao universo simbólico da cultura - base para a atividade cognitiva - elaborado e acumu­lado pelos homens ao longo de sua história. Dessa forma, para Wallon, o psiquismo é uma síntese entre o orgâ­nico e o social. Daí sua natureza con­traditória de participar de dois mundos.

A opção metodológica adotada por Wallon é o materialismo dialético. Isso quer dizer que não dá para pensar o desenvolvimento como um processo linear, continuista, que só caminha para a frente. Pelo contrário, é um processo com idas e vindas, contraditó­rio, paradoxal. Assim, sua teoria da emoção é genética (para acompanhar as mudanças funcionais) e dialética.

A origem da conduta emocional depende de centros subcorticais (de expressão involuntária e incontrolável) e torna-se susceptível de controle voluntário com a maturação cortical. Para Wallon, as emoções podem ser de natureza hipotônica ou redutora do tônus (como o susto e a depres­são) e hipertônica ou estimuladora do tônus (como a cólera e a ansiedade).

Características do comportamento emocional

A longa fase emocional da infân­cia tem correspondência na história da espécie humana: é a emoção que garante a solidariedade afetiva e a sobrevivência do indivíduo.

Da função social da emoção resul­tam seu caráter contagioso (a ansie­dade infantil pode provocar irritação ou angústia no adulto, por exemplo) e a tendência para nutrir-se com a pre­sença do outro (uma platéia alimenta uma chama emocional entre os parti­cipantes, por exemplo). Devido a seus efeitos desorganizadores, anárquicos e explosivos, a emoção pode reduzir o funcionamento cognitivo, se a capa­cidade cortical da ação mental ou motora para retomar o controle da si­tuação for baixa. Se a capacidade cortical for alta, soluções inteligentes poderão ser encontradas.

Para Wallon não existe estado não emocional. Até a serenidade exprime emoção. Assim, a educação da emo­ção deveria ser incluída entre os pro­pósitos da ação pedagógica para evi­tar a formação do "circuito perverso de emoção": a emoção surge num momento de incompetência do su­jeito e, não conseguindo transformar-se em atividade racional, provoca mais incompetência. O efeito desorganizador da emoção concen­tra a sensibilidade no próprio corpo e diminui a percepção do exterior.

Afetividade e inteligência
O ser humano é afetivo por exce­lência. É da afetividade que se diferen­cia a vida racional. No início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas. Ao longo do desenvolvimento, a reciprocidade se mantém de tal forma que as aquisições de uma repercute sobre a outra. A pes­soa se constitui por uma sucessão de fases com predomínio, ora do afetivo, ora do cognitivo. Cada fase incorpora as aquisições do nível anterior.

Para evoluir, a afetividade depende da inteli­gência e vice-versa. Dessa forma, não é só a inteligência que evolui, mas tam­bém a emoção. Com o desenvolvimen­to, a afetividade incorpora as conquis­tas da inteligência e tende a se racio­nalizar. Por isso, as formas adultas de afetividade são diferentes das infantis No início a afetividade é somática, tônica, pura emoção. Alarga seu raio de ação com o surgimento da função simbólica. Na adolescência, exigências racionais são colocadas: respeito recíproco, justiça, igualdade de direitos.
Inteligência e pessoa

O processo que começa com a simbiose fetal tem por horizonte; individualização. Para Wallon, não há nada mais social do que o processo pelo qual o indivíduo se singulariza, em que o eu se constrói alimentando-se da cultura, sendo que o destino humano, tanto no plano individual quanto no social, é uma obra sempre inacabado.

FONTE: http://www.professorefetivo.com.br/resumos/Piaget-Vygotsky-e-Wallon-Teorias-Psicogeneticas-em-Discussao.html

sábado, 23 de abril de 2011

ORIENTAÇÕES ENCONTRADAS NA BÍBLIA AOS PAIS

Às vezes parece que ficamos perdidos quanto a educação de nossos filhos. Então é hora de recordarmos os principios na palavra de Deus que é o manual prático e guia para todos os momentos.

Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele. Proverbios 22.6



E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Deuteronômio 6.7


A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. Proverbios 15.1


Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma. Proverbios 29.17


Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo. Colossenses 3.21

sexta-feira, 15 de abril de 2011

BOLO DE ANIVERSÁRIO SEM GLÚTEN

Um carinho feito pelo papai, para o aniversário de 4 do Leonardo. A festa inteira foi realizada com produtos sem glúten, uma vez  que o Leonardo é celíaco. A alegria dele é poder fazer festa na casa da vovó e convidar todos os primos. Sendo assim, toda a família literalmente põe a mão massa pra preparar os kitutes!!
Abaixo segue a receita do bolo e em outra oportunidade, postarei outras receitas sem glúten.


BOLO SEM GLÚTEN (DE FUBÁ)

INGREDIENTES:
2 copos de fubá
2 copos de açúcar
2 copos de leite
1 copo de óleo
1 copo de achocolatado em pó
5 ovos
1 colher de fermento em pó

MODO DE PREPARO:
Bata o fubá, leite, açúcar, chocolate e o óleo, na batedeira ou liquidificador. Leve ao fogo médio, em uma panela, mexendo sempre até que levante fervura. Após ferver, tire a panela do fogo e deixe esfriar. Aproveite esse tempo para bater as claras em neve e reserve. Quando a mistura da panela estiver fria, coloque-a na vasilha da batedeira, junte as 5 gemas e bata por alguns minutos. Acrescente as claras em neve, o fermento misture tudo e coloque em uma forma untada  com  margarina e (NÃO ESQUEÇA) polvilhada com amido de milho (Maizena). Coloque para assar em forno médio por 45 min. olhando sempre.

Recheio e cobertura, você pode escolher o que sua família  gosta mais... desde que não tenha glúten.

Dúvidas... entrem em contato através do e-mail, comentários ou mural de recados... estarei à disposição.  Espero que gostem!!!!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

BONECAS CONE PARA DECORAR SUA FESTA

Uma sugestão bem legal para enfeitar a festa da criançada, são os bonecos cone. Medem uns 30 cm, baixo custo para a confecção, porque o corpinho é feito em cartolina, cabeça e mãos em E.V.A. os detalhes por conta de quem os cria.

Você também pode rechear os bonecos com guloseimas, para dar de presente.
Essas lindas menininhas fiz para uma amiga especial.

Os moldes já estão disponíveis no blog!

QUEBRA-CABEÇAS DA LETRA H

Semana passada trabalhamos em sala, tudo sobre o hipopótamo e a letra H. No final, as crianças levaram pra casa um quebra cabeças da letra trabalhada. Simpless... mas amaram brincar com seus pais, durante o fim de semana.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Atividades Monteiro Lobato





Dia Internacional do Livro Infantil

O dia 2 de Abril foi escolhido para ser o Dia Internacional do Livro Infantil por ser a data de nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Anderson, que foi um grande poeta e escritor de histórias infantis. Duas das suas obras famosas e memoráveis foram: O Patinho Feio e O Soldadinho de Chumbo. A denominação de livro infantil designa livros que são lidos por crianças.


EU SOU O MUNDO



Eu sou o mundo e o mundo sou eu, 
porque, com o meu livro,
posso ser tudo o que quiser.

Palavras e imagens, verso e prosa
levam-me a lugares a um tempo próximos e distantes.

Na terra dos sultões e do ouro,
há mil histórias a descobrir.

Tapetes voadores, lampadas mágicas,
genios, vampiros e Sindbades
contam os seus segredos a Xerazade.
 Com cada palavra de cada página
viajo pelo tempo e pelo espaço
e, nas asas da fantasia,
o meu espírito atravessa terra e mar.
 Quanto mais leio mais compreendo
que com o meu livro
estarei sempre
na melhor das companhias.

Autor: Hani D. El-Masri

sábado, 9 de abril de 2011

LINDA MENSAGEM PARA O DIA DAS MÃES "Ser mãe..."‏

Caminhava com a minha filha de 4 anos, quando ela apanhou qualquer coisa do chão e ia por na boca. Expliquei a ela para nunca fazer isso.

- Mas porquê? - perguntou ela.

Respondi que se estava no chão estava sujo, cheio de micróbios que causam doenças. Nesse momento, minha filha olhou-me com admiração e perguntou:

- Mamãe, como você sabe tudo isso? Você é tão inteligente!

Rapidamente refleti e respondi-lhe:

- Todas as mamães sabem estas coisas. Quando alguém quer ser mamãe, tem que fazer um grande teste e tem que saber todas estas coisas, senão, não pode ser mamãe.

Caminhamos em silêncio cerca de 2, 3 minutos. Vi que ela pensava ainda sobre o assunto e de repente disse:

- Ah, já entendi. Se você não passasse no teste, você era o papai!

- Exatamente! - respondi com um enorme sorriso...

Contribuição da Professora Claudia (CEMEPE), via e-mail. Obrigada amiga!!!!!

SAL PARA HIPERTENSO

Muita gente está pedindo a receita do sal temperado que faz parte do projeto
Relógio do Corpo Humano, mostrado no Globo Repórter.
É muito fácil de fazer!
O segredo é acrescentar sabor através das ervas medicinais frescas, usando cada vez menos sal para reduzir a ingestão de sódio.

Vamos aos ingredientes:
- 1/2 kg de sal light (que contém 50% de sódio);
- 2 dentes grandes de alho;
- 8 folhas de sálvia;
- 6 ramos de cebolinha verdes;
- 7 ramos de tomilho;
- um punhado de salsa;

Picar os temperos e colocar no liquidificador junto com o sal. Bater um pouco e parar para misturar melhor com a colher. Bater. Repetir o processo até que esteja homogêneo.
A médica da família Aline Benvenutti recomenda o uso desse tempero aos pacientes hipertensos que não conseguer viver sem sal.
Segundo ela, a salsa afina o sangue, ajudando a reduzir a chance de um entupimento das veias do coração e da cabeça.
O alho também é um importante antioxidante.
Ele ajuda a prevenir a formação de placas de gordura e a baixar o colesterol ruim, aquele que entope as veias.

Contribuição da Professora Claudia (CEMEPE). Bjo Claudinhaaa!!!!

domingo, 3 de abril de 2011

TAMANCO VIRA-LATA E SAPINHO VIRA-VIRA

Boa opção para dar de lembrança aos alunos de educação infantil ou até como lembrança de aniversário!
 
O tamanco vira-lata, foi feito com latas de leite Ninho, forradas com E.V.A e o detalhe do cachorrinho em feltro. Furos na laterais, onde serão amarradas cordas de algodão. A corda depois de dobrada, deverá alcançar a altura do joelho da criança. Esse brinquedo é legal para crianças de maiores de 5 anos.
A opção para os menores é o sapinho vira-vira, todo feito em E.V.A, recheado com 2 bolinhas de gude e 1 guizo. Solto em uma superfície inclinada, o sapinho vira e faz barulho. Os pequenos se divertem!!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

HISTÓRIA DOS NÚMEROS

A noção de número e suas extraordinárias generalizações estão intimamente ligadas à história da humanidade. E a própria vida está impregnada de matemática: grande parte das comparações que o homem formula, assim como gestos e atitudes cotidianas, aludem conscientemente ou não a juízos aritméticos e propriedades geométricas. Sem esquecer que a ciência, a indústria e o comércio nos colocam em permanente contato com o amplo mundo da matemática.

A LINGUAGEM DOS NÚMEROS

Em todas as épocas da evolução humana, mesmo nas mais atrasadas, encontra-se no homem o sentido do número. Esta faculdade lhe permite reconhecer que algo muda em uma pequena coleção (por exemplo, seus filhos, ou suas ovelhas) quando, sem seu conhecimento direto, um objeto tenha sido retirado ou acrescentado.
O sentido do número, em sua significação primitiva e no seu papel intuitivo, não se confunde com a capacidade de contar, que exige um fenômeno mental mais complicado. Se contar é um atributo exclusivamente humano, algumas espécies de animais parecem possuir um sentido rudimentar do número. Assim opinam, pelo menos, observadores competentes dos costumes dos animais. Muitos pássaros têm o sentido do número. Se um ninho contém quatro ovos, pode-se tirar um sem que nada ocorra, mas o pássaro provavelmente abandonará o ninho se faltarem dois ovos. De alguma forma inexplicável, ele pode distinguir dois de três.

O corvo assassinado

Um senhor feudal estava decidido a matar um corvo que tinha feito ninho na torre de seu castelo. Repetidas vezes tentou surpreender o pássaro, mas em vão: quando o homem se aproximava, o corvo voava de seu ninho, colocava-se vigilante no alto de uma árvore próxima, e só voltava à torre quando já vazia. Um dia, o senhor recorreu a um truque: dois homens entraram na torre, um ficou lá dentro e o outro saiu e se foi. O pássaro não se deixou enganar e, para voltar, esperou que o segundo homem tivesse saído. O estratagema foi repetido nos dias seguintes com dois, três e quatro homens, sempre sem êxito. Finalmente, cinco homens entraram na torre e depois saíram quatro, um atrás do outro, enquanto o quinto aprontava o trabuco à espera do corvo. Então o pássaro perdeu a conta e a vida.
As espécies zoológicas com sentido do número são muito poucas (nem mesmo incluem os monos e outros mamíferos). E a percepção de quantidade numérica nos animais é de tão limitado alcance que se pode desprezá-la. Contudo, também no homem isso é verdade. Na prática, quando o homem civilizado precisa distinguir um número ao qual não está habituado, usa conscientemente ou não - para ajudar seu sentido do número - artifícios tais como a comparação, o agrupamento ou a ação de contar. Essa última, especialmente, se tornou parte tão integrante de nossa estrutura mental que os testes sobre nossa percepção numérica direta resultaram decepcionantes. Essas provas concluem que o sentido visual direto do número possuído pelo homem civilizado raras vezes ultrapassa o número quatro, e que o sentido tátil é ainda mais limitado.

Limitações vêm de longe

Os estudos sobre os povos primitivos fornecem uma notável comprovação desses resultados. Os selvagens que não alcançaram ainda o grau de evolução suficiente para contar com os dedos estão quase completamente disprovidos de toda noção de número. Os habitantes da selva da África do Sul não possuem outras palavras numéricas além de um, dois e muitos, e ainda essas palavras estão desvinculadas que se pode duvidar que os indígenas lhes atribuam um sentido bem claro.
Realmente não há razões para crer que nossos remotos antepassados estivessem mais bem equipados, já que todas as linguagens européias apresentam traços destas antigas limitações: a palavra inglesa thrice, do mesmo modo que a palavra latina ter, possui dois sentidos: "três vezes" e "muito". Há evidente conexão entre as palavras latinas tres (três) e trans (mais além). O mesmo acontece no francês: trois (três) e très (muito).
Como nasceu o conceito de número? Da experiência? Ou, ao contrário, a experiência serviu simplesmente para tornar explícito o que já existia em estado latente na mente do homem primitivo? Eis aqui um tema apaixonante para discussão filosófica.
Julgando o desenvolvimento dos nossos ancestrais pelo estado mental das tribos selvagens atuais, é impossível deixar de concluir que sua iniciação matemática foi extremamente modesta. Um sentido rudimentar de número, de alcance não maior que o de certos pássaros, foi o núcleo do qual nasceu nossa concepção de número. Reduzido à percepção direta do número, o homem não teria avançado mais que o corvo assassinado pelo senhor feudal. Todavia, através de uma série de circunstâncias, o homem aprendeu a completar sua percepção limitada de número com um artifício que estava destinado a exercer influência extraordinária em sua vida futura. Esse artifício é a operação de contar, e é a ele que devemos o progresso da humanidade.

O número sem contagem

Apesar disso, ainda que pareça estranho, é possível chegar a uma idéia clara e lógica de número sem recorrer a contagem. Entrando numa sala de cinema, temos diante de nós dois conjuntos: o das poltronas da sala e o dos espectadores. Sem contar, podemos assegurar se esses dois conjuntos têm ou não igual número de elementos e, se não têm, qual é o de menor número. Com efeito, se cada assento está ocupado e ninguém está de pé, sabemos sem contar que os dois conjuntos têm igual número. Se todas as cadeiras estão ocupadas e há gente de pé na sala, sabemos sem contar que há mais pessoas que poltronas.
Esse conhecimento é possível graças a um procedimento que domina toda a matemática, e que recebeu o nome de correspondência biunívoca. Esta consiste em atribuir a cada objeto de um conjunto um objeto de outro, e continuar assim até que um ou ambos os conjuntos se esgotem.
A técnica de contagem, em muitos povos primitivos, se reduz precisamente a tais associações de idéias. Eles registram o número de suas ovelhas ou de seus soldados por meio de incisões feitas num pedaço de madeira ou por meio de pedras empilhadas. Temos uma prova desse procedimento na origem da palavra "cálculo", da palavra latina calculus, que significa pedra.

A idéia de correspondência

A correspondência biunívoca resume-se numa operação de "fazer corresponder". Pode-se dizer que a contagem se realiza fazendo corresponder a cada objeto da coleção (conjunto), um número que pertence à sucessão natural: 1,2,3...
A gente aponta para um objeto e diz: um; aponta para outro e diz: dois; e assim sucessivamente até esgotar os objetos da coleção; se o último número pronunciado for oito, dizemos que a coleção tem oito objetos e é um conjunto finito. Mas o homem de hoje, mesmo com conhecimento precário de matemática, começaria a sucessão numérica não pelo um mas por zero, e escreveria 0,1,2,3,4...
A criação de um símbolo para representar o "nada" constitui um dos atos mais audaciosos da história do pensamento. Essa criação é relativamente recente (talvez pelos primeiros séculos da era cristã) e foi devida às exigências da numeração escrita. O zero não só permite escrever mais simplesmente os números, como também efetuar as operações. Imagine o leitor - fazer uma divisão ou multiplicação em números romanos! E no entanto, antes ainda dos romanos, tinha florescido a civilização grega, onde viveram alguns dos maiores matemáticos de todos os tempos; e nossa numeração é muito posterior a todos eles.

Do relativo ao absoluto

Pareceria à primeira vista que o processo de correspondência biunívoca só pode fornecer um meio de relacionar, por comparação, dois conjuntos distintos (como o das ovelhas do rebanho e o das pedras empilhadas), sendo incapaz de criar o número no sentido absoluto da palavra. Contudo, a transição do relativo ao absoluto não é difícil.
Criando conjuntos modelos, tomados do mundo que nos rodeia, e fazendo cada um deles caracterizar um agrupamento possível, a avaliação de um dado conjunto fica reduzida à seleçào, entre os conjuntos modelos, daquele que possa ser posto em correspondência biunívoca com o conjunto dado.
Começou assim: as asas de um pássaro podiam simbolizar o número dois, as folhas de um trevo o número três, as patas do cavalo o número quatro, os dedos da mão o número cinco. Evidências de que essa poderia ser a origem dos números se encontram em vários idiomas primitivos.
É claro que uma vez criado e adotado, o número se desliga do objeto que o representava originalmente, a conexão entre os dois é esquecida e o número passa por sua vez a ser um modelo ou um símbolo. À medida que o homem foi aprendendo a servir-se cada vez mais da linguagem, o som das palavras que exprimiam os primeiros números foi substituindo as imagens para as quais foi criado. Assim os modelos concretos iniciais tomaram a forma abstrata dos nomes dos números. É impossível saber a idade dessa linguagem numérica falada, mas sem dúvida ela precedeu de vários milhões de anos a aparição da escrita.
Todos os vestígios da significação inicial das palavras que designam os números foram perdidos, com a possível excessão de cinco (que em várias línguas queria dizer mão, ou mão estendida). A explicação para isso é que, enquanto os nomes dos números se mantiveram invariáveis desde os dias de sua criação, revelando notável estabilidade e semelhança em todos os grupos linguísticos, os nomes dos objetos concretos que lhes deram nascimento sofreram uma metamorfose completa.
Palavras que representam números em algumas línguas indo-européias:



Fonte: Dicionário Enciclopédico Conhecer - Abril Cultural



7 PASSOS PARA ENFEITAR OVINHOS DA PÁSCOA DO COELHO

Oi gente... demorei, mas vou postar o que fizemos em casa para as crianças na páscoa de 2011.
Aqui em casa, não incentivo a Páscoa do coelho... e as crianças sabem bem o significado da Páscoa cristã. Então como forma de brincadeira, eles amam presentear os primos, esconder ovinhos e fazer desafios nesse dia.
Sem mais conversas... vamos aos ovinhos enfeitados.
Você vai precisar de TNT, EVA branco, feltro branco e outras 4 cores, fita de cetim, tesoura e cola branca. Mãos à obra pessoal!!!!

1º Passo: tire o papel original do ovo, deixando-o só no papel alumínio
2º Passo: encape-o com TNT da cor que preferir
3º Passo: coloque um laço da sua preferencia
4º Passo: recorte as partes da carinha do coelho em feltro
5º Passo: os dentinhos em EVA branco
6º Passo: cole as partes da carinha com cola branca
7º Passo: cole a carinha do coelho na embalagem de TNT.

                                                   Coelhos, coelhos, coelhos!!!!
                                                      As crianças gostaram muito!!!