Talvez uma das mais difíceis tarefas para quem cuida seja educar. O que vale a pena permitir e o que vale a pena negar fazem parte de um estafante desafio diário. Com a alimentação não é diferente, já que a construção de bons hábitos alimentares está diretamente relacionada ao processo de educação.
Tudo fica mais difícil quando pensamos que não há regras ou manual de instruções. Por outro lado, fica mais fácil se obedecermos à lógica e ao bom senso nas decisões. Seja como for, ao longo do tempo, é possível observar os resultados deste processo, satisfatórios ou não. Por esta razão, vale a pena investir em tempo, persistência, e, acima de tudo, buscar confiança nas decisões tomadas.
Começar a educar o paladar não adoçando os sucos de frutas naturais pode ser a primeira providência. O sabor verdadeiro das frutas é, sem dúvida, mais saudável. Evitar sempre os refrigerantes, líquidos sem valor nutritivo, também vale a pena. Outra dica é oferecer líquidos antes e após as refeições, não durante. Guloseimas? Não valem a pena. Muitos sabem, por outro lado, que compensa insistir em um cardápio diversificado, equilibrado, incluindo preparações criativas de boa aceitação. Para isso horários e rotina são fundamentais. É certo que assim bons hábitos estarão sendo instituídos. Mas não é só isso! Educação passa também por atitudes que tomamos diante das mais diversas situações.
Assim, fortes (e negativas!) relações com a comida podem ser estabelecidas diante do consolo, chantagem, punição ou premiação com alimentos. Comemos por fome, também comemos por ansiedade, por consolo ou recompensa, uma infinidade de emoções e associações estabelecidas ao longo de nossas vivências. Muitas solidificadas ao longo da infância!
Ainda pensando no futuro, a sugestão é insistir, nunca forçar a alimentação. Novas formas de preparar o alimento em questão, maior freqüência na oferta, substitutos por outros alimentos do mesmo valor nutricional, conversas, histórias ou até mesmo uma boa companhia para as refeições podem ser ótimos recursos. Ao ser obrigada a comer, a criança é desrespeitada e sofre uma agressão, comparada a qualquer outro tipo. Além disso, ela perde a oportunidade de saciar o seu apetite, segundo a sua vontade. Comer passa a ser uma punição.
Muitas crianças são firmes em suas decisões, tornando algumas negociações bastante difíceis, é verdade. Mesmo assim, vale a pena insistir. Os recursos são muitos e variados: boas conversas com profissionais de saúde podem ajudar a esclarecer a importância de uma alimentação saudável. O segredo também pode estar na aquisição de livros sobre alimentação. Coloridos e atraentes, são presentes preciosos. Além disso, o estudo do corpo humano e dos alimentos através das lições da escola, podem ajudar a cultivar o interesse pelo tema. Por outro lado, cardápios equilibrados em casa são fundamentais, lembrando que tudo começa pela oferta! Ainda no território da cozinha, a culinária para crianças pode (e deve) ser incentivada. Através da prática, muitas receitas saudáveis e saborosas podem ser testadas com as mãos na massa. Vale a pena insistir. Ótimos resultados para a saúde futura certamente virão!
Fania Szydlow Benchimol
Nutricionista
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